terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sem título. Sem palavras. Sem nada.

Cansada de você, meu tema. Cansada desse abandono crônico. Cansada de perder as letras, as palavras.

Cansada de manter o texto sendo produzido, só por um sopro atrás das orelhas. Deixar as lágrimas molharem o papel. Apenas verbos, apenas verbos. São só verbos...

E essa coisa toda de poema... você não dá poema. Nenhuma perda de tempo mais dolorida que tema que não transmuta em verso...

Insistência cega em te escrever. Batendo a caneta sem tinta nas folhas, como que fosse sugir uma história, antes invisível.

(ela está lá. Eu sei que está - eu me digo, crendo que palavras façam a existência real)

História só aqui dentro do meu peito. Teimosia de poeta que queria toda a perfeição dos olhos estatizada na analogia do quem sabe.

E o tema rasga a escritora em duas, três, quatro, onomatopéias.

E cá estou, nem tragédia, só um drama. Um bocado, um resto de metáforas, daquelas vagabundas do tipo “ali não havia mulher, só sexo”.

E ali não havia palavras, só sexo. E ali não havia olhos, só sexo. E ali não havia controle, só sexo. E ali, nada se sentia, só sexo...

Te arranquei de uma gaveta bem funda do meu existir. Te enfeitei as bordas.

Eu te ressucitei, te reencarnei em guardanapos de bar.

Avivei sua idéia, já esquecida tantas e tantas vezes. Tantas vezes, de enlouquecer Garcia Marquez em todos os cem anos de solidão. Que eu sinto em um só.

Você me julga, me conjuga, me coordena, me subordina. Brinca com os meus numerais.

Eles não são infinitos, sabe?

Eu não vou te apagar. Porque um bom tema, deve permanecer escrito. Mas deixe, que eu te esqueço. E te fecho com reticências...

Quem sabe alguém te acabe, quando quiser ser lido...

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