domingo, 23 de agosto de 2015

Aeroportos



Muitos cadernos em branco.
E a memória cheia de cenas de aeroporto que nunca aconteceram.

Tiro o pó das folhas.
Construo uma nova caixa.
Mas ainda guardo os mesmos, mesmos, desejos

Hoje entendo, aprendi o que é dor.
Ouço a voz dizendo dê meia-volta.
Ainda desobedeço – mas ouço.

Agora eu moro no aeroporto,
e o simbólico desejo de voar se tornou
uma casa e suas raízes.

Cuido pouco das crias
e de mim.
Olho meu pai e reconheço:
Ele não me ensinou como

os olhos no mapa e
é grande demais
para deixar tanta dor se apegar.
Mas hoje eu criei uma nova caixa.

E é apenas a primeira.