quarta-feira, 22 de abril de 2009

É de tanto uma paixão que assombra, que o destino acordou seco em meio à madrugada e armou as rodas para girar.

Usar paixão é usar a palavra de maneira leviana, mas com música não se brinca e esta veio pedir licença para não rimar agora, só ser sentida, ritmo, batida, melodia, sem que se obedeça à métrica usual das letras, sem que as letras façam sentido algum.

Foi quando pediram que se obedecesse à pauta e ela berrou cruel um acorde tão desafinado, que explodiu até o céu, o céu da boca da cantora...

Ali, quieta, parada, ouvindo ecoar no fundo de dentro, no fundo por dentro, em meio à confusão que só a novidade antiga clama, acalma, desvia e recondiciona.

Desviou os olhos devagar, a solidão. Fez que não estivesse observando, fria, de longe, remoendo os próprios acordes. Deixou.

E tudo se tornou desigual.

Um comentário:

Celso Amâncio disse...

Que lindo!
Eu, como músico, sempre quis escrever um texto que fosse quase música... e muito poucos pude ler que tivessem essa virtude tão abstrata...

Aqui um que tem essa qualidade rara!
bjssss