terça-feira, 9 de junho de 2009

LUA NUA


Fácil entender porque os poetas cantam a lua...


Porque cobre as minhas costas,

Este véu dourado,

Quando caminho na calçada,

Inspirando noite,

Cavalgando uma porção de vaga-lumes,

E “sinto muitos”, doloridos, machucados.


Que a dama me abraça de luar,

Me brisa, me alisa a face,

Me desobriga da dor que invento,

Cheia, full, plena.


E da orientação dos raios,

Sigo o caminho alumiado,

Que deixa do lado o desespero,

E emerge, rasante e insaturada,

Fênix, do profundo de dentro da garganta,

Meu grito, um implorar:


Me desencanta Lua!

Que fitar teus olhos por aqueles segundos,

Desatou meu corpo a se entregar...

Desatou meu amor a ruir, de tanto gasto,

Abrigou aqui dentro poesia,

Um sentir tanto, que não cabe em mim,

Mas se desfaz em letras que não se acabam,

Mas que não me acalmam: me transbordam.


Não, não, eu mordo minha língua!

Não!

Ao contrário:


Me encanta a Lua!

Deságua a luz em meu cabelo,

Que desce por sobre as costas,

No encalço da madrugada perdida,

A outrem endereçada,

A ninguém interessada,


Que a dama me abraça de luar,

Me brisa, me alisa a face,

Me desobriga da dor que invento,

Até minguar.


E nessa desorientação,

Flutuo dentro do infinito para mais além,

Corrôo de ar o vazio,

E a saudade me evade

E a tristeza me evade,


Num gesto marcado,

De madrepérola do seu sorriso,

Da delicadeza de um riso,

A estampar, novamente

Meu rosto.



Mari Brasil

2 comentários:

Maria Cláudia S. Lopes disse...

caralho Mari

Anônimo disse...

Sempre percebi em vc um olhar meio "lobismulher". Também gosto de outro "trovador da lua" que diz: yo no le canto a la luna porque alumbra y nada más/ le canto porque ella sabe de mi largo caminar (da música Luna Tucumana). Besos