Fácil entender porque os poetas cantam a lua...
Porque cobre as minhas costas,
Este véu dourado,
Quando caminho na calçada,
Inspirando noite,
Cavalgando uma porção de vaga-lumes,
E “sinto muitos”, doloridos, machucados.
Que a dama me abraça de luar,
Me brisa, me alisa a face,
Me desobriga da dor que invento,
Cheia, full, plena.
E da orientação dos raios,
Sigo o caminho alumiado,
Que deixa do lado o desespero,
E emerge, rasante e insaturada,
Fênix, do profundo de dentro da garganta,
Meu grito, um implorar:
Me desencanta Lua!
Que fitar teus olhos por aqueles segundos,
Desatou meu corpo a se entregar...
Desatou meu amor a ruir, de tanto gasto,
Abrigou aqui dentro poesia,
Um sentir tanto, que não cabe em mim,
Mas se desfaz em letras que não se acabam,
Mas que não me acalmam: me transbordam.
Não, não, eu mordo minha língua!
Não!
Ao contrário:
Me encanta a Lua!
Deságua a luz em meu cabelo,
Que desce por sobre as costas,
No encalço da madrugada perdida,
A outrem endereçada,
A ninguém interessada,
Que a dama me abraça de luar,
Me brisa, me alisa a face,
Me desobriga da dor que invento,
Até minguar.
E nessa desorientação,
Flutuo dentro do infinito para mais além,
Corrôo de ar o vazio,
E a saudade me evade
E a tristeza me evade,
Num gesto marcado,
De madrepérola do seu sorriso,
Da delicadeza de um riso,
A estampar, novamente
Meu rosto.
Mari Brasil
2 comentários:
caralho Mari
Sempre percebi em vc um olhar meio "lobismulher". Também gosto de outro "trovador da lua" que diz: yo no le canto a la luna porque alumbra y nada más/ le canto porque ella sabe de mi largo caminar (da música Luna Tucumana). Besos
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