segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Cigano


Olhos baixos,
como se baixo fosse,
o tom da sua voz, quando respira a viola com as duas mãos

(como se fosse desatar a bailar sozinha,
lhe escapar, desenfreada.
Enfeitiçada)

Pele canelada, cheirando ao ouro pendente das orelhas
e à rosa dos cachos negros que balançam num gesto delicado,
no repouso da melodia cigana que canta para a-trair.

Ao baixar mais os olhos,
inventa e emana um ar de piedade...
ela vem.

de perto, porém,
este ar pesa tanto
quando,

empina o peito e puxa, para si, o que cobiça,
como se tivesse almofadas nos pés deslizantes
e dançasse uma dança da qual não se desamarra.

Toma-a nas mãos,
exaurida do enrolar os cabelos
E fita-a em seus braços.

Agora, os olhos inflados!
Como que remetessem aos céus,
quando prometem total perdição...

Ela vem.


Mari Brasil

2 comentários:

Maria Cláudia S. Lopes disse...

Uau!!!
he he he
tava inspirada hein menina!

Pandora disse...

bah... eu tenho "musos" bastante inspiradores...
principalmente qdo são idealizados pela minha imaginação...