Estou olhando de canto esta carta que não encontrei na caixa de correio.
Pois ela não me foi entregue, ainda.
E possui, em meu imaginário, o conjunto dos segredos necessários.
Talvez, o conjunto dos segredos desnecessários.
O desnecessário sempre me soou importante.
Eu admiro o envelope, sinto seu cheiro,
voando, junto a milhões de outros, brilhando, branco no ar.
Um tanto sujo, cheio de selos e carimbos,
Muitas moradas e tintas, até o alcance das mãos.
Até que se deixa apanhar, em meio aos outros tantos.
Há uma pausa no mundo
E o mensageiro atravessa as ruas, carta nas mãos.
Caminha no sol,
assobiando.
Se perde...
se perde.
Sinto a textura do papel contra o meu rosto,
vejo, em mim, letras borradas.
Corro atrás de uma folha levada pelo vento.
Sento na rede, na varanda, com a carta no colo,
Pois ela não me foi entregue, ainda.
E possui, em meu imaginário, o conjunto dos segredos necessários.
Talvez, o conjunto dos segredos desnecessários.
O desnecessário sempre me soou importante.
Eu admiro o envelope, sinto seu cheiro,
voando, junto a milhões de outros, brilhando, branco no ar.
Um tanto sujo, cheio de selos e carimbos,
Muitas moradas e tintas, até o alcance das mãos.
Até que se deixa apanhar, em meio aos outros tantos.
Há uma pausa no mundo
E o mensageiro atravessa as ruas, carta nas mãos.
Caminha no sol,
assobiando.
Se perde...
se perde.
Sinto a textura do papel contra o meu rosto,
vejo, em mim, letras borradas.
Corro atrás de uma folha levada pelo vento.
Sento na rede, na varanda, com a carta no colo,
respiro devagar,
cubro um olho, abro o outro bem fininho,
como criança, que não pode olhar o filme de terror,
e, ao mesmo tempo, não pode se conter...
mas ela ainda não chegou.
Então continuo espiando,
Medo das palmas no portão,
De que eu seja convidada a assinar o recibo e que se oficialize:
“Está confirmado. Mariana tem a carta em mãos.”
“Resta lê-la”
Um pavor das quatro da tarde.
Deixo a casa, escondida, olhando atenta pra os lados.
Levo as coisas. Fujo!
Me mudo!
Ao mesmo tempo, em que espero,
pacientemente, uma lista de palavras
já imaginadas, lidas, interpretadas, relembradas,
distorcidas, mal-faladas, traduzidas,
Malditas! Malditas!
Um sorriso à primeira linha,
um soco na cara, à primeira linha?
Um nascer do sol,
uma chapa de raio X,
um coringa, um corvo, uma borboleta?
Uma passagem de ida e volta ao inferno!
mas ela ainda não chegou.
Então continuo espiando,
Medo das palmas no portão,
De que eu seja convidada a assinar o recibo e que se oficialize:
“Está confirmado. Mariana tem a carta em mãos.”
“Resta lê-la”
Um pavor das quatro da tarde.
Deixo a casa, escondida, olhando atenta pra os lados.
Levo as coisas. Fujo!
Me mudo!
Ao mesmo tempo, em que espero,
pacientemente, uma lista de palavras
já imaginadas, lidas, interpretadas, relembradas,
distorcidas, mal-faladas, traduzidas,
Malditas! Malditas!
Um sorriso à primeira linha,
um soco na cara, à primeira linha?
Um nascer do sol,
uma chapa de raio X,
um coringa, um corvo, uma borboleta?
Uma passagem de ida e volta ao inferno!
E o carteiro não chega.
Mari Brasil