segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Outro


Sem rodeios, sem derivas:
aceito tudo que me satisfaça.
o que me fez este ser idiota que sou?
A nada interessa: aceito a condição pela recompensa do imediato sentido.

Lá pelos tédios, morro aos poucos de desgosto.
Um pouco também de vergonha.
Pois, na boca dos outros, me corrôo, me enferrujo,
a parte mais bela deste meu não-ser.

Mas, se não me falam, Sou como?
Se eu não conto, o que (h)ouve?
Se eu orgasmo, Quem? orgasmo?
E se eu não defino, alguém definha... Eu definho!

Onde fica gravada essa minha lembrança,
se não no conto que outros lêem?
Por que escrevo, quando não amam?
E quando não amo, por que escrevo, ainda assim?

Quando falo baixo,
ninguém escuta...
e eu lamento!
Que dor é essa?

No seu olho, Sou grande. Mas, um tanto baixa...
No meu, a quem importa?
Minha história, deturpada na sua memória.
Ainda assim, ali, nesse seu lugar. Em um lugar.

Se não lhe falo, lhe falho, me falho!
Se não há o outro, quem sou, onde estou?
No desabrochar do seu sorriso, meu gozo:
Estou aqui!

Mas...
pelo sorriso,
SOU portanto, um prazer.
E de nada mais preciso.


Mari Brasil