quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

no sonho


Dentro

nos engolimos
nossas bocas
e línguas

dentes
nos ombros

corpos tão úmidos
sem saber

se saliva suor ou gozo
ou onde cada um termina

onde termina o quarto
termina a vida

Quente

tantos cabelos
cedidos
aos desejos

sujos, doídos
vício de nós mesmos

dedilhando
as pernas e os vazios

montando
desmontando

um do outro
um ao outro.

Molhado

me explode
me chora

me vive

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Mais uma de quando existe um "nós dois"



Desculpa!
Por quê?
Eu te descobri.
É... você me descobriu...
e eu me descobri.

E assim foi que…
roubando sua coberta,
à noite,
eu me descobri
também.

A gente se ajuda muito,
em cada passo,
para se perder
ou se descobrir
um no outro.



terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Todo Dia



todo dia
em que estamos juntos,
perto ou longe,
me
desdobro…

perguntas, suposições
planos loucos de estrelas
e de mar.

Não importa o que ela quer – você diz.

Não importa mais nada?
Além de…
Esse momento frouxo de insanidade,
dobrados em ansiedades
de colocarmos,

nossos corpos um no outro?
E o que somos…
E o que mais não importa?

A minha boca, perto.
da sua boca, perto.
Sorrindo-se enquanto tudo vai pelos ares
destes nossos sons,
de se dizer.

Ando roubando suas palavras,
pelas frestas da janela,
enquanto o sol nasce.
e você pensa que me distrai

Não estou sozinha
em nenhuma delas.
todas tem a sua presença
como condição.

são decorrentes,
desse encontro
dos olhos
cotidianos
que se olham
pela primeira vez

todo dia.