O seu silêncio é uma revolução de abortos,
de cada frase, ou aspecto, ou ternura, ou coisa e tal.
É antes, um tiro no rabo da boiada.
Um desespero que antecipa:
que virou asas num outro quintal,
incendiou sua vida pra outro lado...
Seu silêncio dói que nem facada:
corta as gengivas, das palavras que não saem.
sangra aqui dentro o que estou calada.
Me acaba, me acaba...
que não tem mais criança que agüente,
cresceu na marra e não é boba: cala.
O seu silêncio me desamarra,
me retribui um dó que me ofende,
pensa que me surpreende e me poupa,
mas, diz tudo, sem dizer nada:
que tem medo de quebrar cubos de gelo,
quando deveria saber que o que resta é água.
O seu silêncio, além de tudo,
me pressupõe fraca,
te assume temeroso da vida,
ao mesmo tempo, contemplando-a do alto do seu ego:
que pensa que controla o que sinto,
que pensa que, do silêncio, não se sente nada.
O seu silêncio deu com a língua nos dentes,
disse tudo nas entrelinhas, travesso, brincando sem palavras,
entoou um mantra de adeus,
retirou suas armas e obedeceu ao toque de recolher:
que deixou no lugar um vazio de solidão,
e um silêncio meu,
de cada frase, ou aspecto, ou ternura, ou coisa e tal.
É antes, um tiro no rabo da boiada.
Um desespero que antecipa:
que virou asas num outro quintal,
incendiou sua vida pra outro lado...
Seu silêncio dói que nem facada:
corta as gengivas, das palavras que não saem.
sangra aqui dentro o que estou calada.
Me acaba, me acaba...
que não tem mais criança que agüente,
cresceu na marra e não é boba: cala.
O seu silêncio me desamarra,
me retribui um dó que me ofende,
pensa que me surpreende e me poupa,
mas, diz tudo, sem dizer nada:
que tem medo de quebrar cubos de gelo,
quando deveria saber que o que resta é água.
O seu silêncio, além de tudo,
me pressupõe fraca,
te assume temeroso da vida,
ao mesmo tempo, contemplando-a do alto do seu ego:
que pensa que controla o que sinto,
que pensa que, do silêncio, não se sente nada.
O seu silêncio deu com a língua nos dentes,
disse tudo nas entrelinhas, travesso, brincando sem palavras,
entoou um mantra de adeus,
retirou suas armas e obedeceu ao toque de recolher:
que deixou no lugar um vazio de solidão,
e um silêncio meu,
que não significa mais nada.
Mari Brasil